Especificação: Construção de um sobrado residencial, no mesmo nível
da rua e na esquina da antiga Rua do Ouvidor (hoje Rua Marechal Floriano), em
estilo colonial, mas com detalhes clássicos em sua arquitetura, o que foi
considerado um grande avanço na época em que foi concebido.
Na parte de baixo, destinado aos
escravos e outros empregados da casa, destaques para o número de portas e
janelas, de modo a ventilar todos os cômodos. O detalhe é que as aberturas eram
em ferro fundido, inclusive as portas (uma lateral que dava para a Rua do
Ouvidor e outras duas, mais largas, na esquina da Beira Rio).
Nos altos, as sete janelas tinham
esquadrias de madeiras, com bambinelas, venezianas e vidro. As três janelas
mais amplas eram dotadas de duas sacadas aparentes, desenhadas nas paredes e a
principal com guarda corpo com desenhos vazados feitos em argamassa. Sobre as
janelas apliques igualmente em argamassa e, pela Rua do Ouvidor, um alpendre dá
a idéia de que ali funcionava a cozinha do palacete.
A platibanda mantém uma mureta
com desenhos em arabescos feitos em argamassa. O telhado, originalmente, era de
telha canal o que, recentemente, foi substituído por telhas francesas. Sobre as
cimalhas sete pináculos, tipo pião, apontam para cima. O imóvel, listado
nominalmente para tombamento na Lei Municipal 7.972/2008 (Plano Diretor), é
importante no contexto da paisagem urbana da Avenida Ruy Barbosa,
principalmente naquele trecho defronte ao novo Cais da Lapa.
O prédio foi construído para
residência do Ouvidor Cabral, que para ali se mudou depois de ter residido na
chamada Travessa Cabral (atualmente Rua Siqueira Campos).
Feydit, “Subsídio para a História de Campos dos Goytacazes” (p. 241)
assinala, comprovando a historicidade do sobrado: “Em 1824 morava em Campos o Ouvidor Cabral, no sobrado que faz frente ao
rio e canto à Rua do Ouvidor, hoje Marechal Floriano, em frente ao porto
chamada do Fragata (...)”.
Pelo que relata o historiador, o
Ouvidor, já cinquentão, casado com a belíssima e jovem Dona Maria Custódia,
avisado de sua traição com um primo, o padre José do Desterro, pegou os dois no
flagrante e, alucinado, atirou-se da sacada do sobrado caindo malferido quase
na esquina, de onde foi socorrido e levado para o Rio de Janeiro, onde acabou
falecendo, nascendo neste episódio uma história das mais dramáticas, envolvendo
dois outros personagens da imprensa campista, os Doutores José Alípio e José
Gomes da Fonseca Paraíba, sócios do Monitor Campista, em 1834. (p. 421 a 425).
A intrigante história de crime e
sedução está também, descrita no artigo “A Imprensa na Velha Província. 170
anosdo Monitor Campista – O Terceiro jornal mais antigo do país e a morte
misteriosa do jornalista Francisco José Alypio, de Orávio de Campos, publicado
no Anuário Internacional de Comunicação Lusófona. (2004).
Localização: Avenida Ruy Barbosa, 987 – Centro Histórico
Época de Construção: Início do Século XIX. Aproximadamente.
Estado de Conservação: Ruim. O prédio está carecendo de restauro.
Propriedade: Boletim Cadastral em nome de Adherbal Q. Barreto e
Outro, ou seus Representantes e/ou Herdeiros.
Endereço para Correspondência: O mesmo. CEP: 28013-000.
Processo nº: 00985/2016
Protocolo nº: 2016.115.001027–P-PA
Inventário efetuado em: 15 de Fevereiro de 2016.
Pesquisa realizada por: Professor Orávio de Campos Soares
Trabalho de Campo: Jornalista Maria Lúcia Bittencourt da Fonseca
Fotografias: Valdimir da Silva Salino
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